Nuno Alexandre Caetano Vicente

“Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!».
E ele levantou-se e seguiu-o.
(Mt 9, 9)

 

Sou o Nuno Alexandre Caetano Vicente, tenho 35 anos de idade, nasci e sempre vivi na Paróquia de São João das Lampas, em plena zona rural do concelho de Sintra. No ano de 2016 entrei para o ano propedêutico no Seminário Patriarcal de São José de Caparide, em 2017 entrei no Seminário Maior de Cristo-Rei dos Olivais onde, neste momento, me encontro a frequentar o 3ºano, integrando o Curso de São Francisco e Santa Jacinta Marto.

Antes do Seminário, em 2008, conclui o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Do ponto de vista laboral, trabalhei durante nove anos na Farmácia Nave Ribeiro em Montelavar, no concelho de Sintra. Um primeiro ano como estagiário, depois como Farmacêutico até 2010, passando nesse mesmo ano a Farmacêutico-Adjunto, e sendo o Diretor Técnico, desde 2012 até à entrada no Seminário. Profissionalmente estava tudo muito bem, aliás como qualquer jovem desejaria! Pois aos 28 anos, quase que já estava no topo da carreira.

Certamente estarão a colocar a questão: “E Deus, e a questão do sacerdócio no meio disso tudo?”. Pois bem, eu nasci numa família de raiz católica não praticante, onde as referências à questão de Deus se alicerçavam essencialmente na piedade popular e as idas à igreja se resumiam a casamentos, baptizados, funerais e à festa da paróquia. Mas nesses momentos sentia algo em mim que me seduzia, que me captava a atenção e interesse, desenvolvendo o maior respeito e ao mesmo tempo curiosidade pela figura do padre. Mas havia uma pequena grande questão por resolver: – eu não era baptizado! Por certas razões não fui baptizado em criança, reservando os meus pais essa decisão para mim, para quando o pretendesse.

Tive uma adolescência normal, afastada da igreja, e aos dezoito anos iniciou-se o meu processo de aproximação à igreja, tendo sido convidado para colaborar nas festas da paróquia, e aproximando-me do pároco de então (um jovem que acabara de chegar à paróquia). Neste momento, percebi que existiam padres novos e não apenas os mais avançados na idade que ia conhecendo. E mais, percebi que o padre, genericamente, era um homem normal que entregava a sua vida ao serviço de Jesus Cristo pelo sacerdócio, e não um ser sobrenatural, com o qual eu não tinha nenhuma semelhança.

Em certa altura, combinei com este padre tratarmos da preparação para a Iniciação Cristã, mas como eu não queria comprometer-me, fui fugindo à questão e o padre acabou por sair da paróquia. Outros dois se lhe seguiram. A este último, e ainda o atual, de forma agradecida, devo o que sou e onde estou hoje. Por este, fui abordado (não me deixando fugir) para iniciar a preparação para a Iniciação Cristã, que ocorreu em 2013. Desde aí tornei-me bastante próximo do pároco, tornei-me leitor e membro do coro, e dei novamente espaço às inquietações vocacionais que acabei por partilhar com ele. Embora com muita resistência minha, e sem pressões algumas do pároco, reconheci que Deus me chamava a segui-lo mais de perto, que me pedia mais. Destaco que me ajudaram bastante as visitas dos seminaristas à paroquia, e os seus testemunhos por ocasião da Semana dos Seminários que agora assinalamos. Muito lhes agradeço! Ajudaram-me a querer partir à descoberta do que Deus queria para mim e daquilo que eu poderei chegar a ser para Deus. E assim comecei a ser acompanhado pelo Pré-Seminário e pelo Diretor Espiritual.

Tinha tudo para não ter seguido este caminho. Mas… Não foi num posto de cobrança, como a Mateus, mas sim no balcão da farmácia e na secretária do gabinete que o Senhor me disse para o seguir. Eu levantei-me e segui-o mais de perto no sentido de tentar responder às minhas inquietações e perceber se o projeto de Deus para mim passa pelo sacerdócio, respostas essas que o tempo de Seminário me está a ajudar a descobrir. A todos os jovens e menos jovens, digo-vos que não tenham medo de partir à descoberta da vossa vocação, daquilo que Deus quer de vós!

O Cardeal Patriarca D.António Ribeiro dizia que se soubermos rezar, se soubermos chamar, se soubermos responder, não faltarão à Igreja as vocações de que precisa. Saibamos então todos os dias rezar ao Senhor pelas vocações, chamar em nome do Senhor e responder ao Senhor!

 

Nuno Vicente, novembro 2019

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