Simão Cruz Ferreira: testemunho sobre a instituição de leitores e acólitos

O ministério do leitor é um dos serviços essenciais na vida da Igreja, confiado aos leigos de forma estável pelas mãos do bispo da diocese. Trata-se de um aprofundamento de uma missão à qual, no fundo, todo o batizado é chamado.

Este ministério tem, naturalmente, uma expressão litúrgica, muito importante, na proclamação da Palavra de Deus, mas não se encerra nesta expressão. Como serviço à Palavra a ser proclamada, que suscita a fé nos fieis, o leitor é chamado a moldar também a sua espiritualidade a este serviço: em primeiro lugar, como servo, à imagem de Cristo, o Servo de Deus; e ainda tomando os Escritos Sagrados como fonte de alimento espiritual.  Assim, 9 seminaristas, no passado dia 25 de março, recebemos o ministério de leitor porque procuramos ter a Palavra de Deus como critério de discernimento e de ação para a nossa vida.

É desta Palavra, e não de nós mesmos, que recebemos o encargo de ser anunciadores. Como refere São Paulo, «não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos, por amor de Jesus» (2 Cor 4, 5). Com efeito, além das já referidas expressões litúrgica e espiritual, surge naturalmente a expressão pastoral: pela sua familiaridade com a Palavra, o leitor instituído tem também a missão de ajudar os outros a reconhecer e interpretar os sinais da ação de Deus nas suas vidas.

No centro do rito, além da bênção sobre os ministros, está a entrega da Bíblia. Eis as palavras pronunciadas pelo Bispo no ato da entrega: Recebe o livro da Sagrada Escritura e anuncia fielmente a Palavra de Deus, para que ela seja cada vez mais viva no coração dos homens.

Sendo integrado no caminho do seminário, este ministério laical surge, assim, em ordem a um ministério ordenado. Torna-se, neste sentido, uma nova etapa no caminho vocacional. Uma etapa importante e de forte discernimento: é o próprio seminarista que pede o ministério, que depois de aprovado pelos padres formadores é, não menos importante, levado a toda a Igreja (representada em diversos meios em que o candidato frequenta), chamada a pronunciar-se sobre a idoneidade do mesmo. Este processo é particularmente relevante, já que revela que não é apenas instituído o seminarista que se sente chamado mas é aquele que, percebendo-se chamado por Deus a este serviço concreto – a proclamação e vivência da Palavra de Deus –, é confirmado vocacionalmente pelos que com ele convivem.

 

Simão Cruz Ferreira Nunes*

 

*O Simão é um dos 9 seminaristas do Patriarcado de Lisboa (4º Ano) que foi instituído leitor no passado dia 25 de Março. Com eles foram instituídos outros 3 seminaristas no ministério de Acólitos. Rezemos por eles.

 

 

 

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