“Durante o último fim-de-semana, de 22 a 24 de Novembro, o seminário de Caparide abriu as portas para receber o primeiro retiro vocacional para rapazes universitários do ano lectivo 2019/20.

Juntaram-se aos seminaristas 11 jovens que puderam experimentar a vida no seminário e partilhar dias intensos de descoberta do seu propósito.

Tendo como tema a passagem do jovem rico (Mc 10, 17-22), participamos de várias palestras, momentos de silêncio, oração e partilha que nos permitiram ir percebendo o que deixar tudo e seguir Jesus significa para cada um de nós em concreto.

Os temas abordados foram riquíssimos, mas para mim estes foram apenas o ponto de partida para os momentos de silêncio e intimidade nos quais Deus me foi falando e me foi desinstalando.

Entender o limiar entre a vontade de Deus e os projectos que ambicionamos pareceu-me ser uma dificuldade comum a todos nós, mas para isso estávamos ali e no silêncio pude encontrar algumas respostas.

Outra riqueza enorme deste fim-de-semana de “seminarista à experiência” foi a oportunidade de partilha de histórias, aspirações e inquietações com os outros rapazes…

Estar com irmãos que procuram viver o ideal de seguir Jesus em pleno é não só uma graça gigante como pode dar uma ajuda enorme na descoberta do caminho a seguir.

Quer nas partilhas formalizadas em agenda, quer naquelas que foram acontecendo de forma espontânea pelos espaços do seminário, pudemos ir sentindo o sopro de Deus nas diferenças e nas semelhanças encontradas entre cada um de nós.

Lembro com um sorriso generoso um seminarista de 4º ano que contava como em pequeno celebrava missas no quarto para os seus bonecos. Veio a descobrir-se depois que não era o único, mas que vários seminaristas o faziam: Cuidado! Talvez este seja um sinal a considerar.

Lembro também algumas histórias que um seminarista venezuelano me contava sobre a vida no seu país que me remexiam o coração e me fizeram reviver situações que talvez tenham muito a dizer sobre a minha vocação.

E é precisamente por Deus falar e chamar a todos de forma diferente que me deliciei com estas duas particularidades do retiro: o tempo de silêncio em oração e a partilha entre irmãos.

O silêncio em oração porque pude ouvir a única voz capaz de me guiar no caminho certo; e a partilha dos irmãos porque pude descobrir mais sobre como é caminhar com Jesus e perceber que não estou sozinho na caminhada. Para além d’Ele, tenho uns quantos irmãos que seguem comigo.

Já com a mochila às costas, pronto a voltar a casa, fizeram-me talvez a pergunta mais simples do retiro: – O que achaste, valeu a pena?

Tenho agricultura como hobbie e digo-vos que dos últimos 3 meses a cavar ainda não colhi nada. Acredito que com este retiro seja semelhante. Por agora não tenho respostas concretas. Posso até dizer que me sinto ainda mais bagunçado do que no início, mas acredito ser bom sinal. Algo mudou em mim e, mais cedo ou mais tarde, os frutos hão de brotar.”

Jorge Fernandes