HISTÓRIA DO SEMINÁRIO

De onde vimos

Falar e escrever sobre a História do Seminário dos Olivais implica começar por reconhecer que a sua génese remonta não ao século XX, mas antes ao século XVI e ao período em que Lisboa era ainda uma arquidiocese. No ano de 1566 e na sequência do Concílio de Trento, D. Henrique, que mais tarde viria a ser o último rei da dinastia de Avis, funda, junto ao castelo de São Jorge, o primeiro Seminário diocesano, sob a invocação de Santa Catarina. Claro que já anteriormente tínhamos tido escolas como a catedralícia, mas esta nova instituição apresentava-se como algo novo, uma nova e reformada perspectiva de ensino e formação sacerdotal. Com a expulsão e posterior extinção dos jesuítas, o Seminário muda-se para Santarém, parte da diocese à época. Depois de longos anos de instabilidade política, militar e religiosa motivada por todos os acontecimentos desde as invasões francesas até às primeiras turbulentas décadas do liberalismo, o Seminário reabre em Santarém já só em 1853. A redobrada perseguição dos primeiros anos da República trouxe dificuldades acrescidas à formação clerical e será já na década de 20 do século XX que, nos terrenos da Quinta do Cabeço, o Cardeal Cerejeira encontrará um espaço fértil para fazer crescer aquela que se queria como casa de “formação de padres sábios e santos”.

Em 1932, têm início as obras do actual edifício desenhado por Pardal Monteiro e idealizado para acolher mais de 200 seminaristas e uma dúzia de padres formadores. A presente estrutura ficaria apenas concluída já só na década de 50 com o fim das obras da capela e da biblioteca. É incontornável abordar as primeiras décadas sem mencionar o estóico esforço de formação intelectual, espiritual e humana por parte do Monsenhor Pereira dos Reis que, enquanto reitor, liderava uma equipa em que os padres franceses do Sagrado Coração desempenhavam um primordial papel. Até à década de 60, com todas as suas novidades e reformas, o Seminário vai crescendo, multiplicando-se por todo o Patriarcado e pelo país os sacerdotes que deviam a sua formação a esta casa, alguns dos quais seriam mesmo escolhidos como bispos de várias dioceses portuguesas, tanto no continente como no Ultramar.

Nenhum projecto dura para sempre e aquilo que outrora foi novo e reformador pode, com o tempo, tornar-se menos dinâmico. O mesmo pode ser dito em relação ao Seminário de Lisboa nos anos 60. Por entre as luminosas novidades conciliares, foram surgindo crescentes tensões entre mundividências e posições políticas, não só dos vários seminaristas, como entre os próprios formadores. O mundo ocidental que se contorcia e reconfigurava por entre novas realidades não deixou de entrar e marcar o Seminário e o seu quotidiano. Se, no ano de 1962, o Seminário registava a sua mais numerosa comunidade, com mais de 190 seminaristas, a década terminaria com cerca de 12 residentes e com uma equipa formadora sem reitor e guiada pela sábia e corajosa mão do padre Serrazina. Muitas foram as razões destes anos de reconfiguração, crise e restruturação dos quais a maior de todas as marcas não está nos casos, mas antes na coragem de padres como Serrazina e Policarpo que, numa primeira fase, procuraram organizar o pouco que sobrava de várias saídas, demissões e acções de protesto.

A partir de 1970, o Seminário conhece uma nova equipa formadora e um novo reitor que, durante quase três décadas, procuram uma feliz conjugação entre o espírito fundamental do Seminário e a atenta leitura dos sinais dos tempos, recomendada e encorajada pelo Concílio Vaticano II. Assim, entre os anos 70 e 90, padres como José Policarpo, Manuel Clemente, Carlos Paes e Francisco Tito Espinheira foram rosto e acção de todo um sentido renovador de missão de serviço e entrega que se procura no sacerdote. Já no século XXI, os padres Nuno Brás e José Miguel Pereira, como reitores do Seminário, procuraram sempre dar continuidade ao espírito conciliar, sendo figuras de relevância no panorama eclesial nacional.

A alvorada do novo milénio procurou e ainda hoje procura dar continuidade a esta longa História de vários séculos que, marcada pelo tempo e pela História, dela não é uma mera serva. Muito mais poderíamos dizer sobre a História deste nosso Seminário, mas aquela que deve ser a grande marca ao longo de mais de noventa anos de residência nos Olivais é o resultado presente e vivido em centenas de paróquias e dezenas de dioceses dispersas por vários continentes que conheceram e conhecem Cristo por meio dos rebentos de Oliveira que nesta casa foram e, ainda hoje, são formados à imagem de Cristo Bom Pastor.

Podem ler-se aqui os textos publicados aquando dos 90 anos do Seminário.

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